Alergia alimentar atinge 8% das crianças no CE

8 de Abril de 2013

criança comendoDados da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) revelam um quadro preocupante: a cada ano, um número maior da população, principalmente crianças de 0 a 3 anos, sofre com a alergia alimentar (AA). Atualmente, a doença atinge 8% dessa faixa etária e 3% dos adultos no Ceará. Isso representa 42 mil pessoas na primeira infância no Estado e 11 mil na Capital. Outros 100 mil cearenses, a partir dos 15 anos de idade, também são afetados.

Com o objetivo de chamar a atenção para o problema, a entidade nacional reforça a Semana Mundial da Alergia, idealizada pela Organização Mundial de Alergia (World Allergy Organization – WAO), que começa hoje e prossegue até o dia 14 de abril. A campanha tem como tema “Alergia alimentar (AA) – um problema de saúde global crescente”.

No Ceará, a campanha será lançada amanhã (9), no Hospital Albert Sabin (Hias), com o objetivo de sensibilizar a população para a questão e alertar para os principais vilões: o leite de vaca e o ovo. A mobilização também abordará a rotulagem de alimentos e novos tratamentos. Para os especialistas, a alergia alimentar é um problema sério de saúde pública, que afeta crianças e adultos, com aumento crescente de sua prevalência.

De acordo com a coordenadora do ambulatório que trata da alergia alimentar no Hias, a médica Janaira Fernandes, 200 crianças são atendidas atualmente no setor. “O número não fornece um quadro geral do problema no Estado em razão de os municípios do Interior não terem um diagnóstico completo da situação”, afirma ela.

Luta

Presente nos principais países desenvolvidos, a rotulagem de alimentos, que discrimina informações sobre os constituintes complementares de um produto industrializado, é uma das importantes pautas da iniciativa no Brasil. “É importante a pessoa saber o que está comendo de forma bem clara”, argumenta das integrantes da Sociedade Cearense de Alergia e Imunopatologia, Fabiane Pomiecinski.

Outras pautas da semana são a utilização, pela rede pública, de autoinjetores de adrenalina no Brasil e a imunoterapia oral, nova técnica alternativa de tratamento, que utiliza pequenas doses do alimento para o paciente, com aumento gradativo até que se torne tolerante. Atualmente, os autoinjetáveis custam, em média, na rede privada, de US$ 250. “Além de caro, eles têm validade de apenas dois anos”, avalia a médica. Ainda segundo ela, a AA é definida como uma doença consequente a uma resposta imunológica anômala que ocorre após a ingestão de determinado alimento.

Alimentos

Os alimentos mais comuns associados a AA são leite, ovo, soja, trigo. Amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar. “Na população brasileira, o milho aparece também com alta taxa de sensibilização”, informa.

Reações alérgicas a mostarda, gergelim e canola têm se tornado comuns, assim como alergia a kiwi, alimento antes pouco consumido. “A história familiar de hipersensibilidade a determinados alimentos também é fator de risco. Os casos mais frequentes destas reações são a rinite alérgica, a asma brônquica e a dermatite atópica. O leite é o principal alimento responsável pelas alergias nos primeiros dois anos de vida”, ressalta a médica.

As manifestações clínicas da AA podem aparecer na pele com eritema e urticária. Nas vias aéreas com congestão nasal, tosse, dispneia e chiado. Com sintomas oculares de prurido e lacrimejamento. No trato gastrointestinal, frisa Fabiane, com náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e sintomas cardiovasculares com taquicardia e hipotensão (pressão baixa).

A prevenção é direcionada para os recém-nascidos de “alto risco”, ou seja, crianças que tenham história familiar de alergia em qualquer parente de 1º grau como pais ou irmãos. Nos adultos alérgicos, diz ela, não adianta tomar antialérgicos e, por exemplo, sair para comer camarão ou caranguejo. “Isso é mais perigoso ainda”, alerta.

FIQUE POR DENTRO

Reações podem comprometer vários órgãos

A alergia alimentar envolve o mecanismo imunológico e tem apresentação clínica variável, com sintomas que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal e respiratório. As reações podem ser leves, como coceira nos lábios, e até graves, podendo comprometer vários órgãos. O problema resulta de uma resposta exagerada do organismo a determinada substância presente nos alimentos.
Segundo os médicos, a introdução precoce de alimentos para crianças até 2 anos é um dos fatores que eleva o número de alérgicos.

Fonte: Diário do Nordeste


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