Casos de dengue ainda são frequentes no Ceará

23 de agosto de 2011

Apesar da diminuição no número de casos de dengue nos últimos três meses deste ano, a incidência dos casos graves da doença no Ceará preocupa as autoridades de saúde. De acordo com o último boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), nos últimos 10 anos, a proporção entre casos graves e de dengue clássica cresceu de maneira drástica.

O boletim da Sesa mostra que, em 2001, a relação era de um caso grave para 383 da manifestação clássica da dengue. Já em 2011, a relação já é de uma incidência grave para 80 clássicas. De janeiro a agosto, foram confirmados 156 casos de dengue hemorrágica, enquanto no mesmo período do ano passado apenas 46 pessoas contraíram o tipo hemorrágico.

O principal fator para o aumento dos casos graves é a circulação do vírus da dengue tipo 4 no Estado, a partir deste ano. Apesar de não ser mais ou menos perigoso que os tipos 1, 2 e 3, o contato de uma pessoa que já teve dengue com uma nova variação do vírus pode levar à reincidência da doença, desta vez com maior severidade e, inclusive, evoluir para uma dengue hemorrágica.

“No Ceará, a maioria das pessoas teve contato com os sorotipos 1, 2 e 3, e já estão sensibilizadas. Mas o contato com um sorotipo novo aumenta de 10 a 100 vezes a chance de ter uma dengue grave”, alerta o professor Ivo Castelo Branco, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Avanço e prevenção

Segundo o especialista, isto faz parte do avanço natural da doença, tanto que o que se observa é a incidência de dengue em toda a família, desde as crianças que não tiveram contato com nenhum sorotipo, até adultos e idosos, que já possuem defesa para um ou mais sorotipos. “A única maneira de barrar o avanço da dengue é não ter mais o mosquito transmissor”, pontua.

Ivo Castelo Branco acrescenta que a eliminação dos focos do Aedes aegypti deve ser feita de forma permanente e ininterrupta, tanto pela conscientização de cada pessoa quanto por ações articuladas pelo poder público. “Se 1% das casas tiver foco do mosquito, é o suficiente para poder desencadear uma epidemia. Então, é preciso haver ações de prevenção independente de uma epidemia. O erro é só tomar providências depois que os casos se alastram”.

A principal preocupação é com a fase ovo do ciclo reprodutivo do vetor. A fêmea do Aedes aegypti não põe os ovos dentro d´água, e sim na parede de reservatórios e outras superfícies. O ovo pode resistir por até um ano e eclodir quando a água sobe ou nos períodos de chuva, muitas vezes com o mosquito já infectado pelo vírus.

“A dengue é uma doença muito democrática, pode atingir qualquer pessoa. Então, a forma de combater o mosquito varia de cidade para cidade, e até de bairro para bairro”. No caso de Fortaleza, ele diz que a peculiaridade dos focos é nos reservatórios de água. “Aqui, 34% dos focos estão em caixas d´água, cisternas e potes. E como é uma área urbana, num local com água limpa, a larva do mosquito não tem os predadores naturais. Por isso é tão necessários vedar esses reservatórios, que têm um potencial muito maior que outros locais”.

Infestações

156 casos de dengue hemorrágica foram confirmados no Estado, no intervalo de janeiro a agosto deste ano, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde (Sesa)46 pessoas contraíram o tipo hemorrágico da doença nos meses de janeiro a agosto do ano passado. O aumento de casos graves, na comparação de um ano a outro, chega a 239%.

Fonte: Diário do Nordeste


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