Casos de diabetes: Fortaleza está no topo da lista
10 de Maio de 2012
O aumento da população idosa e o acesso à atenção básica são fatores favoráveis ao resultado
Fortaleza é a capital com maior percentual de diagnóstico de diabetes em 2011. Ao todo, 7,3% dos dois mil entrevistados na cidade pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2011 revelaram ter a doença. Os dados foram divulgados, ontem, pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante o Fórum Pan-Americano de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, em Brasília.
Os novos números mostram que Fortaleza sofreu uma variação de 2,9 pontos percentuais de 2006 para 2011. Há seis anos, esse índice estava em 4,4% e colocava a cidade em 12º lugar. “Este resultado deve-se ao aumento da população idosa e ao acesso à atenção básica. Hoje, temos uma expectativa de vida maior e muito mais pessoas com diabetes e hipertensão”, explica uma das coordenadoras da pesquisa, Deborah Carvalho Malta.
Como exemplo, ela cita a situação de Palmas, no Tocantins, que possui a menor taxa, 2,7%. “É uma capital bem jovem, com uma população de idosos bem baixa”, ressalta.
De acordo com o estudo, o diagnóstico se torna mais comum com a idade, alcançando cerca de 0,6% entre pessoas de 18 a 24 anos, e 21,6% na faixa etária de 65 anos ou mais.
A escolaridade também tem fator preponderante na ocorrência da doença. Pela pesquisa, quanto menos estudo maior a incidência de diabetes. De zero a oito anos de escolaridade, a taxa é de 7,5%. Já entre os com 12 anos ou mais, esse índice cai para 3,7%.
A diretora do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Ceará (CIDH), Adriana Forti, considera o aspecto positivo na notícia. “Significa que, em relação às outras capitais, o nosso sistema de saúde funcionou melhor. O que não significa que tenhamos a maior prevalência de diabéticos do País”, analisa. Ela informou que, hoje, o Estado possui 350 mil pessoas com a doença, 170 mil somente na Capital.
“O excesso de peso é um grande fator de risco para o diabetes”, adverte Deborah Malta. Prova disso é que Fortaleza é a segunda capital brasileira com maior percentual de adultos com excesso de peso, de acordo com a pesquisa Vigitel divulgada no último mês de abril.
Reforçar ação de prevenção e de diagnóstico e aumentar o acesso a remédios são fatores decisivos para redução dos casos. Pelo menos é o que afirma Adriana Forti. “Custa muito mais caro o tratamento da complicação de um paciente desses do que o tratamento adequado”, revela.
Espera
Dos portadores de diabetes no Ceará, 75% dependem da rede pública de saúde e podem esperar até cinco horas por consultas e exames, além de enfrentar falta de medicação.
A dona de casa Marlyneide de Oliveira, 47, relata que chegava a passar cinco horas na fila do CIDH. “Meu marido tinha a doença, mas, de vez em quando, faltava a medicação ou seringas”, conta.
Adriana Forti explicou que a espera se dá pela carência de endocrinologistas na rede, mas que a situação já está sendo discutida com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
A diretora confirmou que a medicação chega a faltar no Centro, mas não no Estado inteiro. “Se o paciente não encontra esse medicamento, ele pode buscar nas farmácias populares”, diz.
Fonte: Diário do Nordeste