Ceará: doações de córnea caem 41%

29 de Março de 2012

No Estado, estão na fila, aguardando por um transplante, 288 pessoas. O tempo de espera é de oito meses

Uma redução de 41% nas doações de córneas no Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), nos primeiros três meses deste ano, preocupa os médicos. Segundo dados divulgados pelo próprio hospital, em 2012, foram registradas 104 doações de córneas na unidade, número menor que os primeiros três meses de 2011, quando a unidade recebeu 123 doações. Se fizermos uma comparação, o pior mês foi o de março. Enquanto, no ano passado, o Banco de Olhos registrou 48 doações, em março deste ano, o mês apresentou, até ontem, apenas 28.

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Ceará é o 6º Estado do Brasil em número de transplantes de córnea, com 786 cirurgias realizadas somente em 2011, o que representa 93 procedimentos a cada milhão de habitantes. Atualmente, no Estado, estão na fila, aguardando por um transplante, 288 pessoas, e o tempo médio de espera é de oito meses.

No ano passado, o Banco de Olhos do HGF registrou 481 doações, que resultou em 702 transplantes. Um número bem maior que os realizados em 2010, quando a unidade recebeu 382 doações e fez 465 transplantes. Portanto, a queda das doações preocupa e faz especialistas ficarem em alerta, pois, segundo a coordenadora da Central de Transplantes no Ceará, Eliana Barbosa, a expectativa é zerar a fila até o fim de 2012.

Conscientização

“O número de doações tem caído. Isso é preocupante. É preciso ser feito um trabalho de conscientização forte junto à população para reverter essa situação”, ressalta a diretora do Banco de Olhos do HGF, a oftalmologista Marineuza Memória. Conforme ela, é preciso que as pessoas saibam que a córnea é um tecido que pode ser doado até seis horas após o óbito, exceto em casos de pacientes portadores de HIV positivo, Hepatite B ou C ou que morreram por infecção generalizada. Os demais são potenciais doadores. De acordo com Marineuza Memória, a queda nas doações não tem uma explicação lógica, apesar de variar segundo os meses do ano. Porém, ela ressalta que o trabalho da mídia é fundamental para que as doações sejam realizadas pelas famílias, do contrário, as pessoas não se sensibilizam.

“O trabalho exercido pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) dos hospitais é essencial, contudo, sem a aceitação da família, nada pode ser feito”, destaca. Segundo dados da Central de Transplantes, apesar da queda nas doações neste ano, o Ceará comemora vitórias por conta do crescente número de transplantes realizados nos últimos anos.

Em 2010, foram registradas, no Estado, 460 cirurgias. Já no ano passado, foram 796, um aumento de 73%. A coordenadora da Central de Transplantes também não vê explicação para a queda nas doações no Banco de Olhos. Mas, segundo ela, essas oscilações são comuns em todos os Estados do País. Eliana Barbosa destaca que o transplante de córnea é o mais procurado, portanto, há uma necessidade de um maior número de doações.

A coordenadora afirma ainda que, para evitar queda ou redução nas doações, são realizadas reuniões constantes com as 11 equipes transplantadoras e as Cihdotts na tentativa de enfatizar a necessidade da abordagem com as famílias de potenciais doadores. De acordo com Eliana Barbosa, diante dessa situação, o trabalho de conscientização entre os profissionais da Saúde será reforçado.

Um exemplo de ação a favor da doação de órgãos é a campanha “Doe de Coração”, promovida pela Fundação Edson Queiroz. Criada em 2003, a iniciativa visa transformar a espera em esperança, por meio da sensibilização e informação da sociedade sobre o processo de doar órgãos. Em 2012, a campanha completa dez anos de contribuição ao aumento das doações.

Fonte: Diário do Nordeste


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