Cientistas brasileiros criam vacina contra câncer usando protozoário

22 de novembro de 2011

Cientistas brasileiros conseguiram criar uma vacina contra o câncer utilizando o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. A pesquisa mereceu publicação na prestigiosa revista científica americana PNAS.

Os pesquisadores escolheram uma cepa de Trypanosoma não patogênica, ou seja, incapaz de causar a doença. Depois, modificaram-na geneticamente para que o microrganismo produzisse uma molécula característica de células tumorais: o antígeno NY-ESO-1. Dessa forma, quando o organismo inicia o combate ao protozoário, entra em contato com o antígeno, que passa a ser visto pelo sistema imune como um bom indicador das células infectadas pelo protozoário.

As defesas do organismo começam a destruir as células que possuem o antígeno NY-ESO-1, imaginando que lutam contra a infecção do Trypanosoma. Na realidade, foram induzidas a combater tumores.

O estudo reuniu cientistas do Centro de Pesquisas René Rachou (CPQRR-Fiocruz), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Ludwig, em Nova York.

O artigo publicado na PNAS apresenta dados promissores em camundongos para prevenção e tratamento de melanomas. Os cientistas também testaram o Trypanosoma transgênico em células humanas in vitro e comprovaram que ele induz a resposta imunológica esperada contra alguns tipos de câncer.

Ricardo Gazzinelli, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas e um dos autores do trabalho, afirma que, antes de iniciar os testes clínicos em humanos, será preciso vencer a resistência em se utilizar um parasita transgênico para combater uma doença.

Até lá, o grupo iniciará os testes em modelos mais próximos do ser humano. ?Vamos testar em modelos de melanoma em cachorros?, afirma Gazzinelli. Ele explica que uma boa vacina não deve só produzir uma resposta vigorosa do sistema imunológico. Deve também oferecer uma resposta persistente, ou seja, que dure muitos anos. Como o protozoário da doença de Chagas tende a permanecer de forma crônica no organismo, a cepa transgênica pode garantir um estado de alerta contínuo contra o câncer.

Fonte: Uol Notícias


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