Conselho de Medicina condena terapia antienvelhecimento
7 de agosto de 2012
Para o CFM, os riscos vão de efeitos colaterais simples até doenças graves, como câncer. Outra parte dos médicos diverge do Conselho Federal
Parecer divulgado ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) condenou o uso de hormônios para tentar atrasar o envelhecimento. A prática, conhecida como antienvelhecimento ou antiaging, envolve a oferta de hormônios a pacientes que têm níveis dessas substâncias normais para sua idade.
A ideia é que, junto com vitaminas e antioxidantes, a dose extra desses hormônios estimule o organismo a responder como fazia no passado. Por exemplo, recompondo massa muscular perdida. Entre os hormônios aplicados com esse fim estão o do crescimento, a melatonina e o cortisol. Em alguns casos, são oferecidos hormônios ”bioidênticos”, com estrutura igual ao do hormônio natural e que seriam menos danosos. Para o CFM, falta comprovação de vantagens da prática, usada de forma crescente tanto por jovens adultos quanto por idosos.
“Não temos evidências de que o uso desses hormônios em pacientes normais, para modulação do envelhecimento, tem base científica, mas temos o indicativo de que causam malefícios à saúde”, afirmou Maria do Carmo Lencastre, da Câmara Técnica de Geriatria do CFM. Os riscos vão de efeitos colaterais simples até o desenvolvimento de doenças graves, como câncer, segundo Carlos Vital, primeiro vice-presidente do CFM. Para ele, a prática “é propaganda enganosa”.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia tem visão semelhante: “Não existe, à luz da ciência atual, nenhuma maneira de retardar o envelhecimento com administração de substâncias”, afirmou Salo Buksman, diretor da sociedade.
Edson Luiz Peracchi, presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, defende a administração criteriosa e progressiva de determinados hormônios e vitaminas e rejeita a ideia de “rejuvenescimento: Sua avó não vai deixar de ter 90 anos, mas vai ter uma condição metabólica interna compatível com 80 anos, 75, 60. E o médico sabe o quanto ela suporta de estímulo”, declarou. Peracchi diz que, nos próximos anos, as evidências científicas da prática farão o CFM rever sua posição. (das agências)
ENTENDA A NOTÍCIA
Nos próximos meses, o conselho deve aprovar resolução proibindo a prática. Indiretamente, ela já é desaconselhada pelo Código de Ética médico. Nos últimos quatro anos, cinco médicos foram cassados pela prática.
Fonte: O Povo