Cuidado com a dengue: 2011 tem a pior epidemia da história do Ceará

23 de setembro de 2011

No Ceará, 2011 já figura como o ano de maior epidemia de dengue em número de casos em 25 anos,
desde quando a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) deu início à série histórica da doença. Os registros
passaram de 47.789, em 1994, para 49.017, em 2011. No último boletim epidemiológico da dengue, a
Sesa confirmou 47.763 casos da doença em 175 dos 184 municípios do Ceará, mas com os casos de
Fortaleza, que foram 1.254 nesta semana, esse número vai para 49.017 registros.

Entre a semana passada e esta, a Capital passou de 28.240 para 29.494 dos totais confirmados,
independente dos registros mensais. As informações foram retiradas da comparação entre os boletins da
Sesa, do dia 16 de setembro, e o relatório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desta semana. Os
números não querem dizer, no entanto, que sejam casos novos, mas os que só agora foram confirmados,
já que o laudo de comprovação da doença demora entre 30 e 60 dias para sair. Foram 24 óbitos em
Fortaleza.

O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, esclarece que, em 2011, o
Ministério da Saúde mudou a notificação dos casos, que hoje não é feita apenas com a sorologia positiva,
mas a confirmação é também feita por critério epidemiológico, daí o aumento no número de casos.

O coordenador afirma que Fortaleza contribui com mais de 50% dos casos do Estado por causa do maior
contingente populacional. Fonseca explica que toda vez que um novo sorotipo é introduzido existe o risco
de epidemia, que foi o caso do Ceará este ano com a entrada do dengue tipo 1. “Isso acontece, então de
três em três anos”. Em 2008, aconteceu a última epidemia.

Segundo o coordenador da Sesa, a epidemia vai continuar sendo notificada até o fim do ano. “Quando a
gente soma os meses de março, abril e maio, que foram os mais críticos, temos os números elevados que
configuram a epidemia”.

De acordo com o gerente de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima, esta semana foram
registrados 32 casos. No mês, foram 51. Ele explica que os registros responsáveis pelo total de 1.254 são
casos antigos que entram no sistema com atraso. “Com isso, a gente tem a impressão de que há uma
epidemia que, na verdade, já está controlada. Hoje, o que temos são casos residuais. Estamos na fase de
queda no número de registros que estão regredindo a cada mês”, explica.

O QUE ELES PENSAM
“O que vemos, hoje, já era esperado, pois existem vários sorotipos do vírus da dengue circulando em
nosso Estado. Um deles é o retorno do sorotipo 1, que pode atingir toda uma geração que não foi
infectada nos anos 80. Além disso, o número de crianças e adolescentes agora acometidos pela doença é
muito grande, antigamente apenas os adultos sofriam com isso. Ainda existe a possibilidade de que no
próximo ano esse número de infectados possa aumentar. Pois já temos a circulação do sorotipo 4, na
Capital, e com isso a chance de uma epidemia se torna grande.”
Roberto da Justa
Presidente da Sociedade Cearense de Infectologia

“Esse grande número de casos de dengue é fruto da falta de medidas mais efetivas, no combate à
doença, por parte dos gestores. Em consequência, existe pouco esclarecimento da população, e isso
acaba gerando falta de maiores ações também por parte das pessoas. Além disso, a lotação das
emergências faz com que os fortalezenses fiquem desacreditados em relação ao atendimento e, com
isso, é retardado o primeiro atendimento, o que pode gerar consequência para o cidadão. Todos esses
problemas fazem com que a saúde não seja promovida.”
Ricardo Madeiro
Presidente da comissão de saúde da OAB-CE

Fonte: Diário do Nordeste


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