Dengue: quadro já é de epidemia em Fortaleza

27 de Abril de 2012

O boletim informativo sobre a dengue em Fortaleza, a ser divulgado hoje à tarde pelas autoridades do Estado e Município e que já está lançado no sistema de monitoramento do Ministério da Saúde, deve admitir oficialmente que há um quadro de epidemia na Capital. E, de forma preocupante, que a presença do vírus Tipo 4 da doença – considerado mais grave porque ainda não havia se manifestado epidemicamente na cidade – agora está disseminado.  

Deverá ser informado que já são exatos 7.055 casos da dengue na Capital em 2012, conforme O POVO apurou junto a uma fonte da Secretaria Municipal da Saúde. Outro dado, extra-oficial, é que há outros 4.200 registros, ou pouco mais que isso, que já tiveram confirmação laboratorial prévia, mas que não teriam sido lançados a tempo no mesmo relatório emitido ao Ministério.

Somados, os casos então passariam de 11 mil desde o início do ano. Será mais de três vezes e meia o que foi apresentado no último boletim, entre uma semana epidemiológica e outra. De janeiro até o último informe (dia 20 de abril), Fortaleza apontava o total de 3.033 casos de dengue – até então com 38 sendo hemorrágicos e 21 indo a óbito. O POVO não obteve dados de mortes do novo boletim.

 Reuniões estratégicas

O quadro epidêmico foi tema de uma reunião, ontem pela manhã, entre os secretários da Saúde Arruda Bastos, do Estado, e Ana Maria Fontelene, do Município, com técnicos da área. Hoje, segundo confirmou o coordenador de Proteção e Promoção à Saúde, Manoel Fonsêca, haverá mais duas reuniões estratégicas. O encontro terá gestores do controle de endemias e da área assistencial, para definir como será o atendimento nos hospitais e postos de saúde e o encaminhamento dos pacientes.

Fonsêca não quis confirmar os números da doença obtidos pelo O POVO – “só posso prestar informações após o boletim divulgado, quem deve falar é o Município” -, mas chegou a dizer que há uma “nova situação” em Fortaleza.

“O número é muito grande, bem acima do esperado. Para nós é uma situação bastante preocupante”, admitiu o diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz. O HSJ é referência em atendimento epidemiológico. Segundo ele, funcionários do setor de coleta de sangue (para exames) têm rejeitado trabalhar hora extra, diante da alta demanda no expediente normal.

O POVO tentou contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde. Foram feitas diversas ligações, a partir das 18h até as 20h, mas os celulares disponíveis não foram atendidos.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

O Boletim Epidemiológico que informa sobre a dengue diz que se a infestação do mosquito Aedes aegypti ultrapassar 1%, e houver a presença do vírus tipo 4, a cidade passa a apresentar “alto risco de epidemia”.

Saiba mais

Sobre o vírus tipo 4

Até o ano passado, não havia registro do vírus tipo 4 da dengue no Ceará. E, no ano passado, o isolamento laboratorial dele foi notificado em apenas dois casos, um de Fortaleza e outro de Morada Nova.

Em 2012, dos seis isolamentos obtidos, feito em exames no Laboratório Central de Saúde Pública, apenas um foi do sorotipo 1. Os demais apontaram o sorotipo 4. A técnica para isolar o vírus é considerada difícil, daí o baixo número.

O vírus tipo 4 mantém a sintomatologia da dengue (febre, dores de cabeça e pelo corpo, vermelhidão em alguns casos). Porém, o paciente apresenta manifestações inflamatórias mais graves, que se complicam quando o registro for de dengue hemorrágica.

Até 2011, a população cearense só havia convivido com os vírus 1, 2 e 3, tornando-se totalmente suscetível ao tipo 4. As autoridades de saúde admitem o alto risco com a nova situação.

Fonte: Jornal O Povo


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