Desaparecimento de crianças nas férias é motivo de preocupação

21 de Janeiro de 2013

identificação de criançasFérias. Quem tem filhos sabe que esse é um período em que as crianças precisam de entretenimento para preencher tantas horas livres. Contudo, com tantos locais lotados, como praias e shoppings, é importante atentar para que esses pequenos não se percam e aumentem as estatísticas de crianças desaparecidas no Estado.

De acordo com a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), 111 crianças e adolescentes desapareceram em 2012. Somente neste ano de 2013, foram três adolescentes que desapareceram. Segundo a inspetora de Polícia do setor de investigação da Dececa, Célia de Sousa, cerca de 90% são adolescentes, em geral, com problemas com a família.

“Às vezes, esses adolescentes não são aceitos em casa, por terem relações homoafetivas e fogem para viver a sua vida. Outros querem para transgredir alguma proibição imposta pelos pais. Em alguns casos, o adolescente volta poucos dias depois para casa, sem grandes transtornos”, diz.

Números

Entretanto, esse número pode ser ainda maior, porque em muitos casos, a família não denuncia o desaparecimento. Além disso, nas denúncias feitas em outras delegacias, o processo pode demorar dias para chegar até a Dececa. “Não existe uma unificação das delegacias e nem uma que seja específica nesse tipo de crime, como acontece no Paraná, em que as crianças geralmente são traficadas. Aqui, pelo menos pela realidade da Dececa, são raros os casos identificados assim. Eu não lembro da última vez em que registramos um caso”, explica.

Para a inspetora da Dececa, o ideal é que a família comunique a delegacia imediatamente após notar o desaparecimento da criança. “Não é necessário esperar 24 horas. A busca deve ser imediata. Se possível, a família também deve divulgar cartazes com as fotos da criança nos meios de comunicação e em locais de grande circulação”, diz.

Após o registro do boletim de ocorrência, que pode ser feito em qualquer delegacia, mediante a apresentação de um documento de identificação do responsável, a Polícia aciona os órgãos de Segurança Pública para localizar a criança ou adolescente. Mas para que a criança retorne à sua casa, pode ser preciso que o Centro de Referência Regional Especializada em Assistência Social (Creas) tenha que intervir para negociar esse retorno. “Quando existe um conflito familiar, o Creas é responsável por acompanhar essa família e conversar para que a criança ou o adolescente volte para casa”, ressalta.

Conflitos

No Creas, de acordo com a supervisora Regiana Nogueira, em 2012, foram registradas 147 notificações de desaparecimento. Destas, 125 foram encontradas com vida, três óbitos e 19 permanecem desaparecidas. Já em 2011, foram 134 registros, com 131 localizadas e oito ainda sem paradeiro conhecido.

Apesar de 2012 ter 13 casos a mais que 2011, Regiana Nogueira esclarece que o número é muito instável. “Esse crescimento não tem um porquê, e os desaparecimentos tem uma constância. As crianças são minoria e, por isso, não temos um aumento significativo desse número nos meses de férias. Maio, por exemplo, foi o mês que teve mais registros em 2012”.

Para localizar essas crianças e adolescentes, o Creas se utiliza de um mural na sede da instituição, localizada na Rua Tabelião Fabião, 114, no bairro São Gerardo e de divulgação nas contas de energia da Coelce. Denúncias podem ser feitas através do fone 0800.285.1407

Problemas familiares

Foi por conta de um conflito com o irmão que a dona de casa E.P.O perdeu o contato com o filho, de 10 anos. Depois que ela iniciou um relacionamento amoroso, o irmão se tornou violento e ameaçou que iria levar os seus filhos. Após o nascimento do seu terceiro filho, o primeiro dessa nova união, o irmão raptou os outros dois filhos e os levou até a casa de outra irmã. Após um desentendimento com a parente, ele fugiu com o menino de dez anos e não se sabe do paradeiro dos dois irmãos.

“Não quero me identificar porque tenho medo. Se ele souber que o denunciamos na delegacia, pode tentar me matar, como ele já tentou outras vezes”, conta temerosa.

Para alimentar as esperanças de rever o filha, a dona de casa procura ligar pelo menos duas vezes na semana para a Dececa e procurar notícias sobre o ente querido.

“Se eu denunciei, tenho que confiar na justiça. E a gente vai levando, mas eu ainda creio que vou ter ele de volta. As coisinhas dele ainda estão no mesmo lugar, esperando”, diz.

SAIBA MAIS

Os filhos devem estar sempre no campo visual dos pais
As crianças devem levar no bolso o nome dos da mãe, do pai ou de algum responsável
Além disso, a identificação deve conter endereço e telefone
Assim que a criança aprender a falar, deve aprender o número do telefone de casa
Ao perceber que a criança sumiu, procurar os postos de guarda-vidas
Tente contactar rapidamente os órgãos de segurança pública

Ocorrências

111 crianças foram procuradas pelos pais na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), durante o ano passado. Neste ano, foram três desaparecimentos

Não se pode perder de vista na praia

Nas praias, lotadas nesse início de ano, todo o cuidado é pouco para não perder de vista as crianças. Para ajudar os pais nessa tarefa, os bombeiros disponibilizam, gratuitamente, pulseiras em que é possível colocar o nome da criança, do responsável e o seu telefone, além de qual barraca os pais estão.

De acordo com o assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Nogueira, os guarda-vidas estão presentes apenas na Praia do Futuro. Porém, o papel mais importante para que as crianças não se percam dos pais é dos próprios responsáveis. “Os pais, ao virem à praia com os filhos, não podem perdê-los do seu campo de visão”, ressalta.

De acordo com o sargento Reginaldo Lopes, os casos de crianças perdidas na Praia do Futuro são comuns. “Nos fins de semana, chegamos a registrar quatro a cinco casos por dia. Isso se deve aos pais deixarem os filhos tomarem banho de mar sozinhos e, depois, eles não acharem mais as barracas, por elas serem muito parecidas e difíceis de encontrar após o banho de mar”, diz.

Em geral, as crianças perdidas tem de quatro a sete anos. “Pelo fato de as crianças não terem tanta iniciativa, elas ficam vagando por muito tempo e não pedem informações. Teve um acaso em que a criança andou do Caça e Pesca até a Praia do Futuro”, relata.

Postos

Na Praia do Futuro, existem nove postos com dois guarda-vidas em cada um. Os agentes permanecem nos postos das 7 às 17 horas de domingo a domingo, inclusive no horário de almoço.

Para a empresária Lessandra Firmino, de Teresina, as férias no Ceará serão lembradas ainda por muito tempo. Foi em um parque aquático daqui que o seu filho Davi Lucas, de seis anos, se perdeu pela primeira vez e causou um grande susto em toda a família.

“Não existe sensação pior. Pensei que ele tivesse morrido, ainda bem que achamos ele em menos de uma hora”, relata.

 

Fonte: Diário do Nordeste


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