Fortaleza registra aumento de 78% nos casos de coqueluche
19 de Abril de 2013
Apesar de despercebida pela maioria da população brasileira, a coqueluche é uma doença que vem se alastrando no País e atingindo, sobretudo, bebês. Em Fortaleza, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em um ano – entre 2011 e 2012 – a doença registrou crescimento de 78% no número de casos, passando de 41 para 73, e neste ano, entre janeiro e março, foram oito notificações.
Dados do governo federal indicam que, em 2011, foram registrados 2.258 casos de coqueluche no Brasil. Desse total, 70% foram em menores de 1 ano de idade. Em 2012, o número passou para 4.453 casos (aumento de 97%), sendo que 85% dos registros foram crianças menores de seis meses.
As ocorrências alertaram médicos e o Ministério da Saúde, que decidiu promover campanha nacional para imunizar gestantes. A inclusão da vacina tríplice acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche (a DTPa) no calendário de imunização da grávida quer garantir que o bebê já nasça com alguma proteção contra a doença, evitando que a infecção ocorra antes dos seis meses de idade.
Atualmente, a vacina para adultos só está disponível em clínicas privadas e custa, em média, R$ 120. Na rede pública, a vacina contra coqueluche para crianças é dada a partir dos dois meses, em três etapas até os oito meses de idade.
A campanha, adianta o coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima Neto, deverá acontecer até julho deste ano e contará com a Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Sogego) como principal parceira.
Para o vice-presidente da Sogego, Francisco Eleutério, é fundamental conscientizar os médicos a incentivarem a vacinação das mulheres e futuras mães. “É importante que a grávida esteja vacinada para evitar que o bebê seja infectado pela bactéria”. A entidade também defende que outros adultos, e não somente a mulher, procurem se imunizar contra a doença. Ele explicou que, em 40% dos casos, a transmissão da doença aos recém-nascidos é feita pela mãe, 20% são pelo pai e o restante por outros cuidadores do bebê. “Depois de nascido, todas as pessoas que cuidam desse bebê, sejam avós, babás, cuidadoras da creche, também precisam estar imunizadas”, defende.
Ocorrência
Lima esclarece, ainda, que todas as ocorrências não foram confirmadas por exames laboratoriais, mas já nos consultórios médicos. “Pelos sintomas claros, como tosse paroxística (como piado), catarro, febre baixa e falta de apetite, é possível fazer o diagnóstico”, afirma, explicando que, principalmente nas crianças e nos idosos, a doença pode evoluir para quadros graves com complicações pulmonares, neurológicas e hemorrágicas, além de desidratação.
Altamente contagiosa, a enfermidade é uma infecção causada por bactéria que compromete o aparelho respiratório. Crises de tosse em uma única respiração, vômitos pós-tosse, coriza e febre são os principais sintomas da doença. A transmissão se dá por fala, tosse ou espirros. Se não tratada, pode levar à morte. Com diagnóstico precoce, o tratamento é bastante eficaz. Ter contraído a doença anteriormente não garante proteção.
Atualmente, a prevenção da coqueluche é baseada somente na imunização de crianças. São três doses da vacina tríplice bacteriana DTP (que protege também contra difteria e tétano), aplicadas a partir de dois meses. A última dose é dada aos seis meses. A vacina que será aplicada nas gestantes a partir do segundo semestre é a chamada DTP acelular. Diferentemente da tríplice bacteriana aplicada nos bebês, ela deve substituir a vacina dupla valente, aplicada atualmente.
Tecnologia
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informa que negocia com produtores internacionais a aquisição das doses. Outra estratégia do governo é alertar os profissionais de saúde para que o diagnóstico da coqueluche seja feito de maneira precoce, além do tratamento com antibióticos.
Ainda segundo a Pasta, países europeus e os Estados Unidos têm registrado aumento de casos da doença desde 2010 – sobretudo entre crianças menores de seis meses, que ainda não estão protegidas por completo pela vacina pentavalente.
“Outro ponto a ser considerado é que nem a vacinação nem a infecção conferem imunidade a longo prazo. Infecções em adultos podem acontecer. Por isso, a vacinação da gestante pode também evitar que ela seja a fonte de infecção para o seu filho, no período de vida em que ele ainda não esteja devidamente imunizado”, informou o ministério. A expectativa é imunizar quatro milhões de grávidas no Brasil.
Fonte: Diário do Nordeste