Governo assina 20 parcerias para produzir 19 remédios e duas vacinas

1 de novembro de 2012

Três ministérios, 12 laboratórios públicos e 17 privados fecharam acordos.
Medicamentos são contra Aids, câncer, asma, hemofilia e outras doenças.

Os ministérios da Saúde, da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior firmaram nesta quarta-feira (31), em Brasília, 20 parcerias para a produção nacional de medicamentos e vacinas que devem ser oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Os acordos de transferência de tecnologia envolvem 17 laboratórios privados, como Baxter e Merck, e 12 públicos – todos no Nordeste –, que vão fabricar 19 remédios para 11 tratamentos diferentes, como câncer, asma, mal de Parkinson, esclerose múltipla, endometriose, doenças psiquiátricas, imunológicas (como a Aids) e sanguíneas (como a hemofilia, que dificulta a coagulação).

Em cinco anos, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) espera beneficiar dez mil pessoas hemofílicas com os novos medicamentos.

Além desses remédios, as parcerias preveem a produção de produtos biológicos, usados para combater problemas crônicos, quando os tratamentos convencionais já não funcionam.

Os acordos também incluem duas vacinas: a tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubeola e catapora) e outra de hepatite A – esta teve a tecnologia transferida pelo laboratório Merck e deve ser fabricada pelo Instituto Butantan, em São Paulo.

O anúncio foi feito durante a 3ª Reunião do Comitê Executivo e Conselho de Competitividade do Complexo da Saúde (Gecis), da qual participaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Também estiveram presentes representantes de laboratórios públicos, como Bio-Manguinhos, do SUS e da indústria farmacêutica.

Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo é fortalecer as áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação, reduzir a dependência do país em produtos importados e aumentar a capacidade de exportação de medicamentos e vacinas.

Já Pimentel destacou que esse é um avanço “muito significativo” para consolidar o país como um polo de desenvolvimento industrial de fármacos e saúde em geral.
“O Brasil tem um potencial enorme nessa área, e pode ser mais bem aproveitado”, disse o ministro durante a assinatura das parcerias.

Padilha também se pronunciou e destacou que 30% dos esforços de inovação tecnológica no país estão concentrados na área da saúde. No mundo, a média é de 28%. Além disso, de acordo com o ministro, 33% das publicações científicas brasileiras são relacionadas à saúde.

Com os acordos, poderá haver uma redução de quase cinco vezes no preço dos remédios praticado hoje pelo mercado, afirmou Padilha.

“Queremos entrar na produção de tratamentos contra o câncer e de produtos biotecnológicos. Certamente, isso garantirá o desenvolvimento de outros produtos, gerando emprego e renda”, ressaltou.

O ministro falou também sobre o papel “decisivo” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para antecipar o processo de registro de medicamentos. Segundo ele, o que antes levaria de três a quatro anos, agora pode ser acelerado tanto para o setor público quanto para o privado.

Vacina contra HPV
Na reunião desta quarta-feira, Padilha também falou que o Ministério da Saúde está analisando a possibilidade de incluir a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) no SUS. O ministro desafiou laboratórios públicos a apresentarem, até dezembro, propostas de parceria ao comitê do Gecis.

O HPV é transmitido principalmente por relações sexuais sem camisinha e pode causar verrugas genitais e câncer do colo do útero, de cabeça e pescoço, vagina, pênis e do canal anal.

Além da necessidade de usar camisinha, existe vacina contra o HPV, que está disponível apenas na rede privada. Segundo o ginecologista José Bento, existem dois tipos de doses: a bivalente (contra os vírus 16 e 18) e quadrivalente (6, 11, 16 e 18). A primeira custa R$ 1.000 e a segunda, R$ 1.200, e ambas são aplicadas em três vezes (a segunda após dois meses da primeira e a terceira depois de seis meses da primeira).

Em todo o mundo, estima-se que 600 milhões de pessoas estejam contaminadas pelo HPV. Cerca de 10 milhões já têm uma lesão pré-cancerígena, e entre 2 e 3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com câncer do colo do útero.

Fonte: G1 / Bem Estar


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