Riscos de alergias crescem nesta época do ano

3 de outubro de 2012

A polinização de várias plantas contribui com o aparecimento de diferentes doenças respiratórias

Rinite, asma, pneumonia, bronquite, amigdalite e faringite são doenças bastante comuns nos meses de setembro, outubro e novembro, em Fortaleza. Muitas delas podem ser desencadeadas pela polinização de plantas, principalmente, o cajueiro.

Coriza, coceira nos olhos, espirros, tosse seca frequente. Anualmente, neste período, os trigêmeos Pedro Victor, Maria Clara e Victor Gabriel, de dez anos, apresentam esses sintomas. A mãe das crianças, a dona de casa Elisabete Almeida, relata que o diagnóstico é sempre o mesmo: rinite alérgica. Ela conta que já tentou de tudo, entretanto, confessa que não suportava mais ver os filhos ingerindo tantos corticoides. Foi, então, que ela recorreu à homeopatia, terapia alternativa que usa compostos naturais nos remédios

Conforme Elisabete, para evitar que os meninos fiquem doentes, é preciso seguir uma rotina diária de limpeza e cuidados. “Eles não podem molhar o cabelo após as 16h, os colchões são cobertos com uma capa antialérgica, não temos cortinas, tapetes ou ursos de pelúcia. É um sacrifício enorme”, ressalta. No entanto, mesmo com todos esses cuidados, conforme ela, nos meses de polinização do caju e de outras plantas, eles tornam a ficar doentes.

A pediatra Ana Paula Silton Pinheiro, mestre em saúde da criança e do adolescente, explica que os fortes ventos desse período, aliados à polinização do caju, aumentam, significativamente, a vulnerabilidade das crianças para doenças respiratórias. “O pólen do caju gera alergia nas pessoas com alta sensibilidade, causando sintomas de rinite e também de sinusite”, explica.

Ambientes

A médica recomenda, tanto para as crianças quanto para os adultos, que não abusem do ventilador neste período. Em ambientes climatizados, é importante colocar sempre um vasilhame com água e beber muito suco e água para hidratar o organismo. Além disso, Ana Paula Silton informa que é fundamental lavar as vias aéreas, usar roupas leves e não sair para lugares com aglomeração.

A pediatra complementa dizendo que as crianças são mais vulneráveis às doenças respiratórias neste período, principalmente, as menores de cinco anos, pois ainda estão com o sistema imunológico em formação. “Após os cinco anos, as alergias ou viroses respiratórias aparecem duas ou três vezes por ano. Mas, nos menores de cinco, geralmente, são seis infecções de vias áreas anuais”, diz.

Segundo o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis Paiva Campos, pós-doutor em Botânica, a polinização acontece por causa de uma proteína contida no pólen das plantas, possível causadora de alergias e outras doenças das vias respiratórias.

De acordo com Francisco de Assis Paiva Campos, entre os meses de setembro e novembro, no Ceará, há intensa polinização de árvores como mangueiras, ipês, jacarandás e cajueiros. Entretanto, diante da quantidade de cajueiros, o pólen desta planta se sobrepõe às demais. “Os ventos espalham os pólens, e a proteína contida neles contém proteína que provocam reações alérgicas nas pessoas mais suscetíveis”, acrescenta o professor.

Ventos

De acordo com informações de Claudia Rickes, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre os meses de setembro e novembro, as rajadas de vento, na cidade de Fortaleza podem atingir até 40 quilômetros por hora.

Ela explica, ainda, que os fortes ventos que acabam por disseminar o pólen das plantas acontecem devido uma alta pressão atmosférica em cima do oceano atlântico. “Esse fenômeno acontece somente na região Nordeste, e um dos meses que apresenta ventos mais fortes é outubro”, ressalta.

Fonte: Diário do Nordeste


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